quinta-feira, 1 de janeiro de 2015


RDA: UM NOVO MODELO PARA A CATALOGAÇÃO

Suzana Rodrigues (Biblioteconomia, Universidade Estadual de Londrina),

Palavras-chave: Representação descritiva. Catalogação. RDA.

Resumo

Apresenta um estudo comparativo entre os Códigos de Catalogação Anglo-American Cataloging Rules (AACR-2) e Resource Description and Access (RDA). Propõe-se uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa através da análise documental das regras do capítulo 1 da seção 1 do RDA e das regras do capítulo 1 do AACR-2. Traz um retrospecto da história da catalogação, desde os primórdios até a contemporaneidade. Trouxe à luz da pesquisa as similaridades estruturais que há entre os códigos AACR2 e RDA. Verificou-se que o capítulo 1 da seção 1 do RDA resgatou todas as regras de descrição geral do material que estão presentes no capítulo 1 do AACR-2. O presente trabalho apresenta os resultados do trabalho de conclusão de curso acerca do modelo Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR) e criação do código RDA com relação ao AACR-2R.

Introdução

        A catalogação é uma área da biblioteconomia que concentra todas as informações compostas em um documento. A catalogação utiliza-se de códigos que determinam as regras de descrição bibliográficas com padrões estabelecidos, visando a utilização por profissionais na realização de suas atividades. Tais documentos podem estar presentes em diversos formatos e suportes informacionais.
A catalogação proporciona maior interação e facilidade de busca de um determinado item pela sua descrição bibliográfica, facilitando a descrição dos materiais e a sua recuperação.
Com a evolução da tecnologia e o aumento dos documentos em ambientes digitais e analógicos, o processo de tratamento das informações ficaram mais complexos, visto que há uma grande produção de informações para serem disseminadas e registradas tanto em ambientes digitais e convencionais.
Com a realização da Conferência de Paris, em 1961, ocorreram várias modificações nos códigos até então criados. Para padronizar as normas de catalogação, trabalhando em conjunto, a American Library Association (ALA), a Canadian Library Association e a Library Association (Inglaterra) criaram, em 1967, um código de catalogação, conhecido como AACR, para descrever os materiais informacionais.
O presente estudo visa comparar as regras constantes nos dois códigos de catalogação AACR-2R e RDA. Especificamente nas regras do capítulo 1 do AACR-2 com as seções do capítulo 1 da seção 1 do RDA, buscando elencar as semelhanças e diferenças encontradas nas regras dos dois códigos, através de uma pesquisa exploratória com análise documental.

Revisão de Literatura

          A catalogação é conhecida desde os períodos remotos até os dias de hoje, contudo, sempre houve uma evolução no seu meio de informação para satisfazer as necessidades encontradas pelos profissionais bibliotecários de década em década até os novos meios de automatização que surgiram e estão surgindo no mundo digital.
Historicamente, a humanidade sempre desenvolveu normas e padrões para orientar a catalogação de materiais de informação, nos tempos mais atuais o AACR é amplamente utilizados por bibliotecas e centros de informação.
Sob a responsabilidade de três associações: a Library Association, a Canadian Library Association e a Library of Congress, o AACR foi lançado em 1967 em sua primeira versão.
O AACR foi amplamente distribuído, após a sua tradução para outros idiomas. E o seu objetivo é “atender ás necessidades das bibliotecas de pesquisa em geral” (BARBOSA, 1978, p. 48).
A aplicação desse código dirige-se a todas as atividades biblioteconômicas, bibliográficas e livrescas, ou seja, fichas catalográficas, bibliografias, citações, listagem de livros e outros materiais para qualquer intuito.
Para a revisão do código foi realizado um encontro em Copenhague. Uma Comissão Executiva Conjunta se reuniu para a revisão do Código de Catalogação Anglo Americano pelo Joint Steering Committee for the Revision of the Anglo American Cataloguing Rules – JSCAACR (ROSETTO, 2010).
Em 1975 ocorreu uma reunião com a Comissão de Catalogação da International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA), propondo uma revisão para o AACR, resultando em 1978, na 2º edição do código de catalogação, conhecido por AACR-2. Com a criação desse novo código foi proposto também a criação do General Internacional Standard Bibliographic Description ISBD(G) (MONTEIRO, 2003).
A edição brasileira foi publicada após vários contatos, a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB) com a American Library Association, Library Association e Canadian Library Association. Essas instituições assinaram um acordo em 1980, que autorizava a Federação na publicação, dividida em dois volumes: volume 1, em 1983 e o volume 2, em 1985.
O AACR-2 é o código mais utilizado pelas escolas de biblioteconomia e bibliotecários até os dias de hoje, contendo a nova forma de descrição bibliográfica, numa escala internacional. Esse código está dividido em duas partes, a parte I que se refere a Descrição e a parte II sobre Pontos de Acesso, Títulos Uniformes, Remissivas. Atualmente, o AACR-2 está estruturado pelas oito áreas de descrição e pontuação utilizadas pelo ISBD.
O primeiro projeto do AACR-3, sendo apenas da Parte 1 sobre Descrição foi disponibilizado para comentários em dezembro de 2004. O objetivo é fazer uma mudança radical para o conteúdo, estrutura e estilo das regras. Para a preparação do AACR-3 foi realizado apenas uma revisão do código até hoje utilizado, o AACR-2 (KIORGAARD, 2006).
Com o avanço tecnológico e das necessidades de se catalogar e descrever novos formatos de informação em ambientes digitais, houve necessidade de criar um novo código de catalogação. Ao invés de atualizarem o código AACR-2 para AACR-3, tendo como base para a criação do novo código o modelo FRBR. A seguir discorre-se sobre histórico desse novo código e suas principais atribuições.
A história do RDA tem início quando a JSC, em 2001, em suas reuniões são discutidas as propostas de mudanças na percepção de que o FRBR pode trazer de benefícios para o código AACR-2.
Os estudos relacionados ao RDA ainda estão em andamento, primeiramente o RDA será disponibilizado on-line, como um banco de dados incorporando as características e funcionalidades do acesso on-line: personalização e fácil atualização. E logo em seguida, versão impressa e CD-ROM (ASSUMPÇÃO, 2009).
Este trabalho tem como objetivo apresentar mostrar através de uma pesquisa exploratória comparativa, as semelhanças ou divergências encontradas a partir da análise do conteúdo do capítulo 1 (Diretrizes Gerais para Registro de Atributos de Manifestação e Item) da seção 1 (Registro de Atributos de Manifestação e Item) do RDA com o conteúdo dos capítulos 1 (Regras Gerais de Descrição) do AACR-2. Buscou-se mostrar também a organização das áreas de ambos os códigos.

Resultados e Discussão

A seção 1 (Capítulo 1 - General Guidelines On Recording Attributes of Manifestations and Items) apresenta as regras gerais para registro de atributos de manifestação e item, portanto é o que mais se aproxima do AACR-2, que traz as regras de descrição do material bibliográfico propriamente dito. Já obra e expressão ficam mais no âmbito intelectual.
No embasamento teórico, foram apresentados nesta pesquisa: a história da catalogação, desde os primórdios até a criação dos códigos de catalogação de maior relevância; de Cutter ao código de catalogação RDA; o modelo conceitual FRBR; e definições, objetivos e funções de catálogo e catalogação definidos por alguns autores.     
O RDA é o novo código de catalogação criado pelo modelo FRBR para substituir o AACR-2. Criado em 2008, e publicado em 2010, foi analisado por bibliotecas internacionais. O RDA é o novo padrão para descrição de recursos e acesso projetado para o mundo digital.
A comparação teve como objetivo analisar a descrição de cada seção e subseção na sequência que aparecem no RDA. Segundo a realização da comparação aqui proposta, observou-se muitas semelhanças e poucas diferenças entre as seções e subseções comparadas (capítulos 1 da seção 1 do RDA com os capítulos 1 do AACR-2).
As semelhanças encontradas entre os códigos referem-se ao resgate das regras gerais de descrição que compõem o código de catalogação AACR-2, não apenas presentes nos capítulo 1, mas presentes também em outros capítulos do código. Ao contrário do AACR-2, que está dividido em capítulos para cada tipo de material bibliográfico, o RDA apresenta as regras para todos os tipos de materiais.
E também foram observados que os títulos das seções e subseções presentes no RDA são correspondentes a algumas regras do AACR-2, mas essas regras estão organizadas numa ordem diferenciada. Pode-se observar também que na numeração das seções e subseções do RDA foram utilizados apenas algarismos numéricos, sem a utilização de letras, como no AACR-2.
Dentre as diferenças observadas pode-se verificar que o RDA apresenta definições de termo-chave que são específicos do modelo conceitual FRBR, como por exemplo as definições das entidades do primeiro grupo: obra, expressão, manifestação e item. E também buscou resgatar os princípios apresentados na Declaração de Princípios Internacionais de Catalogação de 2009.
Na comparação não foi possível limitar-se apenas aos capítulos propostas neste estudo. Houve momentos em que foi necessário consultar outros capítulos de ambos os códigos. Os outros capítulos utilizados para análise foram apenas: AACR-2 – Capítulo 12 (Recursos Contínuos), Capítulo 21 (Escolha dos Pontos de Acesso) e Apêndice C (Numerais); em ambos os códigos, AACR-2 e RDA – Apêndice A (Maiúsculas e Minúsculas) e Apêndice B (Abreviaturas).
No modelo conceitual FRBR estão presentes três grupos de Entidades, totalizando dez entidades. Para a análise foi considerado apenas o primeiro grupo (obra, expressão, manifestação e item); mais especificamente entidades: manifestação e item, pois são estas o foco na primeira seção do RDA.
Com a comparativa realizada em ambos os códigos, pode-se perceber que o capítulo 1 da seção 1 do RDA, teve como objetivo resgatar todas as regras para descrição geral de materiais facilitando a utilização dos capítulos dessa seção. Neste mesmo capítulo foi incluso a seção de “Numerais”, que está presente no Apêndice C do AACR-2.
Considerou-se os apêndices “A” de ambos os códigos são semelhantes, pois as seções e subseções são as mesmas, mudando apenas as seqüências das regras. O que se pode observar é que algumas regras do RDA não estão presentes no AACR-2.
Os exemplos utilizados nos Apêndices “A” presentes nos dois códigos são os mesmos, no entanto, em algumas regras o RDA coloca mais exemplos que o AACR-2.
Na comparação realizada nos Apêndice B, foi detectado que as regras não são todas idênticas, apenas as seções B.1, B.6, B.7, B.8, B.9, B.10 e B.11 do RDA são encontradas também no AACR-2. As outras seções e subseções de ambos são diferentes, apresentando cada um a sua definição e função.
Portanto, observa-se que o RDA recuperou algumas regras presentes no AACR-2, mas organizando as seções e subseções dentro do modelo conceitual FRBR.
Algumas seções apenas remetem ao apêndice específico, não trazendo nenhum exemplo, nem explicação sobre o termo apresentado. Também foi observado que a numeração das seções e subseções do RDA utiliza apenas números, sendo que o AACR utiliza números e letras. No Apêndice B, foram encontradas divergências, portanto apenas algumas regras são semelhantes em ambos.
Portanto o RDA, no seu capítulo 1 da seção 1, não traz aos catalogadores e usuários muitas novidades, diferenças nas descrições. Ele recupera várias regras do código AACR-2.

Conclusões

Considera-se que as comparações realizadas nesse trabalho mostraram que as diferenças encontradas visam a melhor adequação de regras de catalogação que possam ser amplamente utilizadas em ambiente digital, visto que grande parte da produção científica atual é divulgada nesse meio.
Contudo, foi realizado uma análise das regras de ambos os códigos, relacionado aos avanços em relação às necessidades advindas da evolução das tecnologias de informação e consequentemente o surgimento de novos tipos de materiais bibliográficos (digitais e eletrônicos) bem como novos modelos conceituais, a exemplo do FRBR.
Entretanto, notaram-se também algumas semelhanças que constam em algumas sessões estudadas e em exemplos.
Percebeu-se certo grau de limitação, justificada pelo fato de ter sido pesquisado somente partes do RDA em comparação ao AACR2, e não os dois códigos completos. E também a dificuldade de realizar uma comparativa mais a fundo, foi ao fato do código de catalogação RDA estar disponível na língua inglesa, e o mesmo ocorreu com os artigos e textos encontrados sobre o assunto aqui proposto e sobre o modelo FRBR.
Os resultados deste trabalho auxiliarão os profissionais e docentes, que utilizam em seu cotidiano, as ferramentas de catalogação AACR-2 e o RDA, facilitando desta forma a compreensão dos usuários para o uso de tais ferramentas. Expondo a estrutura do RDA, disponível para avaliações na internet, considerando como o novo código de catalogação, que passará a ser utilizado pelos profissionais catalogadores, oferecendo subsídio para entenderem o objetivo do RDA.
Este trabalho visou instigar outros pesquisadores a darem continuidade à comparação de ambos os códigos e verificarem quais são suas semelhanças e diferenças.

Referências

ASSUMPÇÃO, Fabrício Silva; SANTOS, Plácida Leopoldina Ventura Morim da Costa. Resource Description and Access (RDA): objetivos, características e desenvolvimento do novo padrão para descrição de recursos e acesso. 2009. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2010.
BARBOSA, Alice. Príncipe. Novos rumos da catalogação. Rio de Janeiro: BNG, 1978.
JOINT STEERING COMMITTEE FOR REVISION OF AACR. Código de Catalogação Anglo-Americano. 2. ed. São Paulo: Febab, 2004.
KIORGAARD, Deirdre. Setting a new stardard resource description and access. 2006. Disponível em: . Acesso em: 29 maio. 2009
MONTEIRO, Cristiano dos Santos. Sistemas de alimentação de catálogos e base de dados. 2003. Tcc (Graduação em Biblioteconomia) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Marília. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2010.
RDA Toolkit.  Disponível em: <http://www.rdatoolkit.org/constituencydraft/>. Acesso em: 29 set. 2010.
ROSETTO, Marcia. AACR2: apresentação. Disponível em: . Acesso em: 24 mai. 2010. 

domingo, 13 de dezembro de 2009

FRBR MODELANDO A CATALOGAÇÃO SEM ANOROXIA

[Dezembro/2006]

          A catalogação, nos últimos anos, tem experimentado mudanças em suas práticas e teorias, afetadas pelas tecnologias de informação. Aliás, as mudanças não provocam sofrimento, mas saudável inovação, que propicia uma nova dimensão no desenvolver do aparato teórico e em servir como recurso para a gestão e organização do conhecimento impresso, e digital circulante na Internet. Alguns bibliotecários podem achar que as mudanças provocam uma anorexia catalográfica, decorrente de estruturas com poucos metadados e para o qual a magreza descritiva simboliza uma completa representação da informação. Embora haja discordâncias a respeito, para vários catalogadores a “ficha” já caiu, na compreensão das transformações que afetam, atualmente, o trabalho catalográfico.
          Sabemos da importância dos Princípios de Paris e das ISBDs, cujas recomendações incentivaram a criação de uma variedade de códigos de catalogação nacionais incorporando elementos novos na discrição e na operacionalização das políticas de controle bibliográfico. Atualmente, começa a consolidar-se o modelo FRBR (Requisitos Funcionais para os Registros Bibliográficos) que apresentam uma maneira de organizar a informação, possibilitando uma obtenção de resultados mais completos para as buscas dos usuários, além de oxigenar a discussão na área da representação descritiva.
         O modelo é resultado das resoluções adotadas durante o Seminário sobre Registros Bibliográficos, realizado em Estocolmo, no ano de 1990. As resoluções foram aprofundadas com o trabalho desenvolvido por um grupo de especialistas, entre os anos de 1992 e 1997, com a finalidade de discutir uma estrutura que possibilitasse relacionar os registros bibliográficos às necessidades dos usuários. As ações foram apoiadas e encampadas pelo Comitê Permanente da Secção sobre Catalogação da IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions) que, em 2002, constituiu um Grupo de Trabalho sobre FRBR, posteriormente transformado em Grupo de Revisão do FRBR, o endereço eletrônico é: http://www.ifla.org/VII/s13/wgfrbr/index.htm.

Finalidades do Catálogo

          Sobre as finalidades do catálogo bibliográfico baseadas nas necessidades do usuário, vale recordar Anthony Panizzi (1797 – 1879), que estando à frente da biblioteca do Museu Britânico, buscou torná-la mais transparente ao público. A intenção era substituir os mistérios de seu funcionamento, por um procedimento que proporcionasse independência do usuário em saber da existência e localização do material procurado. Panizzi entendia que o principal objetivo do catálogo era ser muito mais que uma listagem. Ser um instrumento para transformação da sociedade ao promover acesso ao conhecimento para todas as classes sociais, sem distinção.
          Neste sentido, no clássico livro “Introdução à catalogação”, a professora Eliane Mey salienta que as pessoas desejam obter acesso a algum tipo de conhecimento. Assim, compete ao bibliotecário tornar o conhecimento acessível e compatível com as necessidades das pessoas. Em sua reflexão exemplifica: “Como se tornaria impossível aos usuários das bibliotecas, para escolha do mais conveniente, folhear todos os livros, ou ouvir todos os discos, ou manusear todas as outras formas de registro disponíveis no acervo, mesmo que os itens estivessem ampla e corretamente organizados, nós, bibliotecários, elaboramos representações desses itens, de forma a simplificar a busca. Essas representações abrangem tanto o aspecto físico dos itens como seu conteúdo. Com essas representações, criamos instrumentos diversos: bibliografias, catálogos, boletins de serviços de alerta, entre outros” (p.1).
          Em suma, ao elaborar a representação de um objeto, descrever seu conteúdo e torná-lo recuperável com visto ao uso, se constrói um meio de comunicação. Comunicação pela qual o usuário é informado sobre os materiais disponíveis na biblioteca, e pode manifestar o seu desejo de obtê-los. Neste aspecto, o FRBR dá continuidade ao objetivo da elaboração de catálogos. O seu diferencial é o aprimoramento que introduz neste processo ao oferecer uma nova perspectiva sobre a estrutura, e as relações dos registros bibliográficos. Contempla propostas, que auxiliam aos responsáveis por códigos de catalogação, os fornecedores de sistemas, e os próprios bibliotecários a repensarem seus produtos para satisfazerem as necessidades dos usuários. Saliente-se, que o FRBR não é um novo código de catalogação ou um novo tipo de ISBD, mas provoca impactos sobre a revisão dos mesmos.

Concepção

          A concepção do FRBR baseia-se no modelo de entidade – relacionamento (E-R), compreendida como um modelo lógico orientado ao objeto, e a identificação de entidades e relacionamentos para projeção de banco de dados. No modelo E – R, a entidade é compreendida como objeto do mundo real que pode ser identificado de forma unívoco em relação a todos os outros objetos. Ela pode ser concreta ou abstrata. Os atributos referem-se às diversas características que uma entidade possui, ou propriedades descritivas de cada membro de um conjunto de entidades. O Relacionamento é a associação entre uma ou várias entidades.
          O FRBR baseado neste modelo divide-se em três grupos de entidades estruturadas sob os seguintes princípios:
          Grupo 1 – compreende os produtos de trabalho intelectual ou artístico que se descrevem nos registros bibliográficos e que formam a base do modelo: Obra, Expressão, Manifestação e Item.
Ø Obra: entidade abstrata, referente a uma criação intelectual ou artística distinta. É reconhecida como entidade por meio de suas expressões. Esta entidade permite fornecer um nome e elaborar relações com a criação intelectual ou artística. Quando falamos de “Don Quixote de Miguel de Cervantes” enquanto uma obra, não se está referindo a uma edição ou texto específico, mas sim a criação intelectual.
Ø Expressão: refere-se à realização intelectual ou artística específica que assume uma obra ao ser elaborada, excluindo-se aí aspectos de alteração da forma física. Envolve palavras, frases, parágrafos, etc., específicos que resultam da realização ou expressão de uma obra e fornece uma distinção no conteúdo intelectual entre uma realização e outra da mesma obra. Portanto, diferenças tipográficas não constituem uma nova expressão.
Ø Manifestação: é a representação física da expressão de uma obra. Compreende um amplo conjunto de objetos físicos (itens) que podem ser monografias, periódicos, vídeos, etc., que compartilhem as mesmas características no que se refere tanto ao conteúdo intelectual como a forma física. A manifestação possibilita descrever as características compartilhadas.
Ø Item: em muitos casos refere-se a um único objeto físico ou um único exemplar de uma manifestação. Em outras determinadas situações pode compreender mais de um objeto como no caso de uma monografia publicada em três volumes. No Item também está representado o artigo eletrônico recuperado da Internet. Este objeto se pode possuir ou ser visualizado em uma biblioteca digital. O Item, normalmente, compartilha as mesmas características físicas e intelectuais que a manifestação.

          Grupo 2 – agrega as Entidades que são responsáveis pelo conteúdo intelectual, guarda ou disseminação das entidades do primeiro grupo. São duas entidades de fácil compreensão: pessoa e entidade coletiva.
Ø Pessoa: indivíduo responsável pela criação ou realização de uma obra, ou aquele que é assunto de uma obra (biográfico, autobiográfico, histórico e etc.). São definidos como entidade pessoa: autores, compositores, artistas, editores, tradutores, diretores, intérpretes.
Ø Entidade Coletiva: organizações ou grupos de indivíduos ou organizações, inclusive grupos temporários (encontros, conferências, reuniões, festivais, etc.) e autoridades territoriais como uma federação, um estado, uma região, uma municipalidade.
         
          Grupo 3 – envolve as Entidades que representam o conjunto de temas caracterizadores de uma obra. Inclui as seguintes entidades:
Ø Conceito: uma noção abstrata ou idéia. Abrange abstrações que podem ser temáticas de uma obra: áreas de conhecimento, disciplinas, escolas de pensamento, teorias. Um conceito pode ser amplo ou específico. Ex.: Teoria Quântica.
Ø Objeto: uma coisa material. Abrange uma completa categoria de coisas materiais que podem ser as temáticas de uma obra: objetos animados ou inanimados que ocorrem na natureza, fixos ou móveis; objetos que são produtos da criação humana ou objetos que já não existam. Ex.: Apollo 11.
Ø Evento: entidade que inclui uma variedade de ações, ocorrências ou acontecimentos: histórica, época, período de tempo. Ex.: O século XX.
Ø Lugar: entidade referente a uma localização. Abrange uma série de localizações: terrestres e extraterrestres, históricas ou contemporâneas, características geográficas e jurisdições geopolíticas. Ex.: Ilha de Fernando de Noronha.

Projetos de FRBR

          Diversas ações e projetos estão sendo realizados visando aplicar o modelo do FRBR, algumas destas ações estão relacionadas a seguir:
         AustLit Gateway – projeto de base de dados bibliográfica (não de catálogo) que apresenta um exemplo de implementação de FRBR. É um experimento aplicado ao mapeamento do corpus literário de textos australianos, ou seja, inclui tanto as bibliografias nacionais que compreendem obras publicadas fora do país como aquelas que abarcam artigos e ensaios ou outros tipos de materiais. Utiliza de uma combinação de conjuntos de dados diferentes e heterogêneos onde se inclui elementos da ISBD. O projeto é fruto da colaboração de várias bibliotecas universitárias australianas e da Biblioteca Nacional.
          Virtua – software integrado de biblioteca – desenvolvido pela VTLS (Visionary Technology in Library Solutions), que fazendo jus à sua nomenclatura, introduziu a partir da versão 4.10 a possibilidade das bibliotecas criarem seu próprio catálogo sob modelo FRBR. O sistema permite a coexistência de registros convencionais e FRBR em uma mesma base de dados. O esquema adotado é baseado no sistema de correspondência do MARC 21 e FRBR e toda a interação interna de montagem dos registros se faz via linguagem XML. No site, do fornecedor, é possível encontrar um texto demonstrativo do modelo e dos avanços propostos em matéria de prática catalográfica: http://www.vtls.com.br/demonstracao/demonstracao%20_arquivos/frbr.pdf, mas o arquivo tem quase 30 Megabytes, e baixa-lo é recomendável acesso via banda larga.
            As utilidades bibliográficas também têm se mobilizado na análise e aplicação do modelo, como é o caso da OCLC (Online Computer Library Center) e RLG (Research Libraries Group). As bases de dados, WorldCat da OCLC e o Catálogo Coletivo da RLG (denominado RedLightGreen), estão avaliando o potencial para uso do FRBR.
          A OCLC desenvolveu, também, um protótipo FictionFinder que demonstra como os 177 registros bibliográficos, sobre “Cem anos de solidão” de Gabriel García Marquez, podem ser apresentados aos usuários como um único registro da obra, sob o qual se agrupam todas as suas versões lingüísticas e todas as manifestações de cada versão existente.
           A Library of Congress desenvolveu um software, denominado “FRBR Display Tool”, que oferece uma visualização hierarquizada de registros bibliográficos obtidos em uma busca no catálogo. Os três níveis superiores do modelo FRBR – Obra, Expressão e Manifestação servem para organizar tais listas hierarquizadas. O programa não permite busca em catálogos bibliográficos, sendo apenas uma ferramenta conversora. Fernanda P. Moreno, em sua dissertação sobre o FRBR, apresenta todo um capítulo comentando a instalação e operação da ferramenta, bem como, as limitação e problemas encontrados na configuração.
          Estudo interessante, de aplicação do FRBR, utilizando o software CDS/ISIS, é mostrado por Roberto Sturman, que durante o II Congresso Mundial de Usuários de CDS/ISIS (Salvador - Ba, 20-23 de setembro de 2005), apresentou trabalho “A case study of cataloging software implementation: IFPA (ISIS FRBR Prototype Application)”. Outras informações sobre o protótipo baseado no CDS/ISIS podem ser obtidas no endereço: http://pclib3.ts.infn.it/frbr/FRBR.htm.

Considerações

          A inovação do FRBR está em formular um modelo conceitual que possibilita a identificação das entidades, os atributos de cada uma das entidades, e os tipos de relação entre elas.
         O FRBR oferece a possibilidade de realizar uma única busca, para encontrar todos os materiais relacionados, mesmo se estes materiais se catalogam em diferentes línguas ou edições, ou com diferentes cabeçalhos de assuntos. É uma nova camada que se pode colocar sobre a catalogação tradicional.
          O conceito tradicional de catálogo automatizado se modifica ao adotar um novo modelo de operação, e apresentação de registro bibliográfico, superando limitações nas possibilidades de busca e no desenho das interfaces de consulta.
         Um aspecto positivo, observado sobre o FRBR, foi na mudança de foco das discussões técnicas centradas somente na normalização, e nos padrões de intercâmbio bibliográfico, para preocupações sobre: o que os usuários necessitam; como um registro bibliográfico poderia atender satisfatoriamente o questionamento do usuário, ao consultar o catálogo eletrônico. Implica, ainda, revisão e discussão sobre os códigos de catalogação em vigor, formatos de intercâmbio e no desenvolvimento de sistemas de automação. Além da atualização das competências técnicas e habilidades analíticas do catalogador.


Texto de Fernando Modesto

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.

sábado, 12 de dezembro de 2009

CATÁLOGO SISTEMÁTICO

Índice por autores e artigos > PROENÇA, Raúl, 1884-1941 - Vd. MONIZ, José António, 1849-1917; ALMEIDA, Eduardo de Castro e, 1865-?; PROENÇA, Raúl, 1884-1941 - Organização dos serviços de Catalogação na Biblioteca Nacional de Lisboa, segundo o plano apresentado à Junta consultiva pelo Inspector das Bibliotecas Eruditas e Arquivos Dr. Júlio Dantas. Vol. 1 > 21



sábado, 5 de dezembro de 2009

DA CATALOGAÇÃO AO USO DE RECURSOS INFORMACIONAIS DIGITAIS: REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS (FRBR)

Silva, Renata E.1(IC); Santos, Plácida L. V. A. C.1(O).

1Departamento de Ciência da Informação, Universidade Estadual Paulista - UNESP.

          A área da representação descritiva (também chamada de descrição bibliográfica e catalogação) é marcada por inúmeros encontros de profissionais e especialistas, que há séculos buscam melhorias, a fim de tornar a busca do usuário pela informação mais eficaz. Com o advento das tecnologias informacionais e a internet, surgiram necessidades de manter as bibliotecas e unidades de informação atualizadas de acordo com estas tecnologias e, com isso, houve um aumento da frequência dos encontros dos peritos da área. Desde o surgimento dos primeiros códigos de catalogação, estudiosos vêm buscando uma melhor utilização destes, levando em consideração a eficácia da recuperação do usuário da biblioteca ou unidade de informação, definindo novos métodos e regras, padrões e normas, discuntido os problemas encontrados e maneiras de resolvê-los, e tornando o catálogo (instrumento foco da catalogação) mais usualmente simplificado aos olhos do usuário, universal, visando compatibilidades internacionais sobre seus usos de modo a tornar sua recuperação cada vez mais eficiente. Os avanços na área das tecnologias informacionais trouxeram consigo um aumento também formas e suportes onde a informação pode ser armazenada nas bibliotecas e unidades de informação. Surgem então os Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR), que, sendo um modelo conceitual do universo bibliográfico, trás uma estrutura que se divide em entidades, atributos e relacionamentos, e tem como principal função descrever e representar este universo que está em crescente expansão. Esta pesquisa tem por objetivo estudar o modelo FRBR, destacando suas funções, componentes, benefícios e a aplicação de seus conceitos. Para que esta meta seja atingida, um levantamento bibliográfico foi feito em diversas fontes, de modo a obter informações pertinentes e recentes acerca do assunto. Utilizam-se, portanto, como fontes principais desta pesquisa o “Functional Requirements for Bibliographic Records: Final Report”, divulgado pelo grupo de estudos da IFLA em FRBR e aprovado pelo Standing Committee of the IFLA Section on Cataloguing, o qual foi revisado e data do ano de 2008, e publicações científicas relacionadas ao modelo e ao seu uso. Obteve-se como resultado parcial um conteúdo consistente, porém foi observada uma carência quanto a publicações impressas ou monografias em língua portuguesa que trouxessem como foco os FRBR, e foi encontrado pouco sobre o tema em suportes nãodigitais. Apesar de muito se falar no modelo, visto que é um tema relativamente atual e que vem sendo bastante discutido nos últimos anos, principalmente por ser um dos elementos de destaque que o RDA (Resource Description and Access) trará consigo, pouco do que é obtido nas buscas trás informações adicionais ou diferentes do que usualmente é abordado quando o assunto é FRBR. Pode-se concluir que os FRBR são o diferencial dessa nova fase que a representação descritiva está vivendo. Mesmo já podendo ser utilizado por bibliotecas que utilizam o SGBD Virtua (VTLS) como ferramenta opcional, seu reconhecimento nacional e internacional na área da Catalogação, de fato, somente virá com a aplicação do novo código RDA, onde será ferramenta fundamental para otimizar a recuperação da informação.

CNPq

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 17., 2009, São Carlos.

Anais de Eventos da UFSCar, v. 5, p. 66, 2009

8º Jornada Científica e Tecnológica da UFSCar - 5 a 9 de outubro de 2009

http://www.jornada2009.nit.ufscar.br/cic/uploads/C03/C03-015.pdf

RDA – RESOURCE DESCRIPTION AND ACCESS: OBJETIVOS, CARACTERÍSTICAS E DESENVOLVIMENTO DO NOVO PADRÃO PARA DESCRIÇÃO DE RECURSOS E ACESSO

Assumpção, Fabrício S.1(IC); Santos, Plácida L. V. A. da C.1(O)

1Departamento de Ciência da Informação, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília

          A catalogação, frente à nova realidade proporcionada pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas últimas décadas, necessita de instrumentos de descrição compatíveis com os novos tipos de ambientes, recursos, conteúdos, suportes e formas de acesso que surgem com esta nova realidade. Dessa necessidade surge a proposta do padrão RDA – Resource Description and Access (Descrição de Recursos e Acesso). O objetivo deste trabalho é analisar o desenvolvimento deste padrão, e abordar seus objetivos e características. O estudo apresentado foi realizado por meio de levantamentos bibliográficos, leituras e análises de textos, relatórios e discussões sobre o desenvolvimento do padrão, além de exercícios práticos de descrição com o rascunho do mesmo. Como resultados, expomos alguns tópicos pertinentes ao desenvolvimento, objetivos e características do RDA. A proposta do RDA é fornecer diretrizes e instruções para o registro de atributos e relacionamentos das entidades definidas nos modelos conceituais FRBR e FRAD. O alinhamento com os modelos conceituais é considerado como uma das principais características do RDA, pois eles proporcionam uma cobertura de todo tipo de conteúdo e mídia, além de flexibilidade e extensibilidade para acomodar as características de novos recursos e adaptabilidade para que os dados produzidos possam ser aplicados em uma variedade de ambientes tecnológicos. O RDA também mantém alinhamento com a Declaração Internacional dos Princípios de Catalogação, a qual tem como objetivo nortear a construção de códigos de catalogação. O novo padrão é independente da estrutura de apresentação proposta pela ISBD, no entanto é compatível com ela. Os registros criados com o RDA poderão ser aplicados na estrutura dos formatos MARC 21 para dados bibliográficos e de autoridade, e serão compatíveis com os registros já existentes criados de acordo com o AACR2 e padrões similares. O RDA conterá 37 capítulos, separados em 10 seções, as quais formarão duas partes: registro dos atributos das entidades e registro dos relacionamentos entre as entidades; o padrão conterá também 13 apêndices com instruções que complementarão as seções. O desenvolvimento do RDA acontece sob os auspícios de instituições anglo-americanas, as quais também são responsáveis pelo AACR2. Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que o RDA trás promessas de um padrão internacional projetado para o mundo digital que possibilite a descrição de todo tipo de conteúdo e mídia, no entanto, sua eficiência e aceitação só poderão ser avaliadas após sua publicação, a qual está prevista para novembro de 2009.

CNPq

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 17., 2009, São Carlos.
Anais de Eventos da UFSCar, v. 5, p. 56, 2009

8º Jornada Científica e Tecnológica da UFSCar - 5 a 9 de outubro de 2009

RDA e OCLC

          O RDA (Resource Description and Access) é o novo padrão de catalogação que substituirá o AACR2.
          Ele está sendo desenvolvido pelo Joint Steering Committee for the Development of RDA (http://www.rda-jsc.org/index.html). A publicação da ferramenta on-line da web deve ocorrer no final de 2009. Os editores são a Associação Americana de Bibliotecas, a Associação Canadense de Bibliotecas e o Chartered Institute of Library and Information Professionals (CILIP), associação de classe do setor no Reino Unido.
          A OCLC tem tido grande participação no processo que está criando o RDA através de nossa afiliação extraoficial no Comitê da ALA sobre Catalogação: Descrição e acesso e através de nossa representação no Comitê Consultivo de MARC. Nossa equipe também está participando dos dois RDA Examples Groups do Joint Steering Committee e do RDA/MARC Working Group, que está elaborando propostas para a alteração do formato MARC 21 em prol do RDA. Além disso, a OCLC é representada na ALA RDA Implementation Task Force, que está planejando atividades de implementação nos EUA. A equipe da OCLC participou das sessões do programa patrocinadas pela Task Force, e outras participações estão agendadas para futuras sessões. A equipe da OCLC também se uniu recentemente à equipe das três bibliotecas nacionais dos EUA para discutir e planejar o período de teste/avaliação, previsto para o início de 2010. A equipe de catalogação dos Serviços de Contrato de Metadados da OCLC participará do teste.
          Nos últimos anos, a OCLC também adquiriu experiência na criação de conjuntos de obras do FRBRized com base em dados bibliográficos dos registros existentes e na criação de relações semelhantes com base nos ISBNs e ISSNs relacionados. Existe ainda um trabalho contínuo que usa os dados baseados em ONIX criados pelos editores como base para os registros que podem ser usados nos catálogos da biblioteca. Todas essas atividades têm relação com o RDA.
          A equipe da OCLC também participa de discussões sobre catalogação na IFLA (Federação Internacional das Associações de Bibliotecários e de Bibliotecas) e está envolvida na criação e manutenção de padrões de catalogação nessa organização, incluindo os formatos FRBR (Functional Requirements for Bibliographic Records), FRAD (Functional Requirements for Authority Data), ISBD (International Standard Bibliographic Description) e UNIMARC.
          Nos preparativos para o teste no início de 2010, a OCLC começou a trabalhar para implementar as alterações do MARC 21 aprovadas pelo MARBI nas últimas reuniões (incluindo as reuniões na Conferência Anual da ALA em julho de 2009). Essas alterações serão implementadas no âmbito das plataformas existentes de catalogação, compartilhamento de recursos e descoberta da OCLC. O RDA tem o potencial de mudar significativamente o modo como os dados bibliográficos são criados e usados. Essas possibilidades futuras facilitadas pela ferramenta on-line RDA serão consideradas como parte do desenvolvimento dos sistemas do futuro.

(2009 08 25)

http://www.oclc.org/americalatina/pt/news/announcements/announcement386.htm

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O que é RDA (Resource Description and Access)


  


RDA: Resource Description and Access é o novo padrão para a descrição de recursos e acesso projetado para o mundo digital. Construído sobre a fundações instituídas pelo AACR2, RDA fornece um conjunto abrangente de orientações e instruções sobre a descrição de recursos e acesso abrangendo todos os tipos de conteúdos e de mídia.




Borboletários: um trabalho de dedicação



Atuando há seis anos no Borboletário da MSG, Cynira fala sobre esse trabalho que exige alguns sacrifícios, mas é extremamente compensador: "Muitas vezes temos que deixar um pouco a vida pessoal de lado. Para atender as necessidades das borboletas, ficam em segundo plano os feriados e finais de semana. Vou ao borboletário pelo menos em dias intercalados para alimentar e soltar as que eclodem. É um trabalho que demanda muita dedicação, paciência e também prazer.


Até agora não me cansei desta atividade, pois cada dia é diferente do outro, e a beleza das borboletas encanta. Além disso, sou surpreendida diariamente com novas descobertas para melhorar a criação e conhecer mais a vida das borboletas". Na sua opinião, o borboletário pode ser acrescentado em unidades de conservação não só como atrativo para o público visitante, mas também para mostrar que ainda existem as matas e florestas: "por que vemos borboletas voando, quando deixarmos de vê-las não teremos mais as matas". Ressalta que há uma grande carência de profissionais para atuar em borboletários, e que os biólogos poderiam explorar mais essa atividade. "Todos os dias recebo e-mails de pessoas interessadas em montar borboletários, mas que não sabem como começar e depois como dar continuidade ao trabalho".

Fonte: http://www.biodiversityreporting.org/article.sub?docId=23701&c=Brazil&cRef=Brazil&year=2007&date=March%202007

Sobre Borboletas




Você pode estar pensando que se gotas de chuva podem ferir uma borboleta, seus dedos também podem.

Você está certo.

Mas será verdadeira a famosa lenda que diz que a borboleta morre se você tocar suas asas?

Não necessariamente - e desde que você não queira maltratar estas belas criaturas.

Pesquisadores do assunto têm apanhado e catalogado borboletas ao longo dos anos para rastrear o paradeiro delas.

Estes cientistas e voluntários utilizam redes para capturar insetos voadores para depois, delicadamente, raspar uma pequena área para expor a membrana da asa.

Depois eles adicionam uma pequena etiqueta na asa e libertam o inseto.

Entre outras constatações, estes estudos revelaram muito sobre a migração das borboletas-monarcas.

As borboletas não somente sobrevivem a estes aparentes "traumáticos encontros", como também conseguem fugir ilesas de ataques de pássaros e de tempestades.

Algumas conseguem até mesmo voar depois de ter um pequeno pedaço de sua asa despedaçada.

Apesar desta capacidade incrível de sobrevivência, as borboletas devem ser manuseadas com cuidado, ou melhor, nem devem ser tocadas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Catalogação e acondicionamento de uma colecção de minerais

Quando o espécime mineral está devidamente preparado procede-se à sua catalogação, esta fase envolve a colocação de uma referência no espécime e o seu registo em livro, em ficheiro ou em suporte informático, juntamente com todas as informações consideradas importantes como, por exemplo, o local de recolha, a data em que esta foi efectuada, o tipo de jazigo, o enquadramento geológico, a paragénese, etc. Os métodos utilizados são variados mas geralmente utiliza-se a inscrição directa, em caneta de acetato, ou a colagem de pequenas etiquetas de papel que serão posteriormente protegidas por um verniz incolor (muitos coleccionadores são contra este sistema) estas inscrições, ou etiquetas, devem ser colocadas em locais do espécime que não impeçam a observação de pormenores importantes e que não sejam visíveis em caso de exibição do exemplar em vitrina. A etiquetagem do espécime e o seu registo no ficheiro deve ser feito no mesmo momento de forma a garantir a correspondência do código utilizado. O código deve basear-se na numeração árabe, por razões de eficiência, deve identificar o proprietário e deve reflectir a organização subjacente à colecção. Mas qualquer método racional é aceitável
Finalmente surge o momento de acondicionar o exemplar, protegendo-o do pó, da luz excessiva ou de mãos pouco cuidadosas, colocando-o em local que reflicta o tema unificador da colecção. O melhor método é colocar o exemplar em caixas de plástico, ou de cartão, acompanhados de uma etiqueta com informação básica, e arrumar essas caixas num móvel de gavetas. Este método permite facilmente organizar uma colecção numerosa num espaço mínimo ao contrário das vitrinas que, sendo muito caras, colocam problemas de espaço, organização e preservação; se possuir uma vitrina reserve-a para a exibição dos exemplares mais belos ou mais raros.
















Exemplo de gaveta da colecção do autor. Colecção de minerais de Nova Jérsia.


Conheça mais sobre a trajetória do AACR para o RDA.

UM MANIFESTO 2.0 DO BIBLIOTECÁRIO



Não seja mais um Bibliotecário na Multidão.
Revele suas qualidades para o Mundo.


Informação é tudo.
Esse vídeo te ajudará a pensar e ser mais crítico.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Catalogação













Modelo de Ficha Catalográfica

O prazer de preservar

















A preservação é um dos atos mais importantes na biblioteca, pois deixa registrado para as futuras gerações a informação.
Sem a preservação o mundo empobreceria no aspecto das informações originais.
Pela falta de cuidado dos usuários com os livros a destruição dos mesmos vem se agravando a cada dia, por isso precisamos preservar as informações para que não se percam com o tempo.