domingo, 13 de dezembro de 2009

FRBR MODELANDO A CATALOGAÇÃO SEM ANOROXIA

[Dezembro/2006]

          A catalogação, nos últimos anos, tem experimentado mudanças em suas práticas e teorias, afetadas pelas tecnologias de informação. Aliás, as mudanças não provocam sofrimento, mas saudável inovação, que propicia uma nova dimensão no desenvolver do aparato teórico e em servir como recurso para a gestão e organização do conhecimento impresso, e digital circulante na Internet. Alguns bibliotecários podem achar que as mudanças provocam uma anorexia catalográfica, decorrente de estruturas com poucos metadados e para o qual a magreza descritiva simboliza uma completa representação da informação. Embora haja discordâncias a respeito, para vários catalogadores a “ficha” já caiu, na compreensão das transformações que afetam, atualmente, o trabalho catalográfico.
          Sabemos da importância dos Princípios de Paris e das ISBDs, cujas recomendações incentivaram a criação de uma variedade de códigos de catalogação nacionais incorporando elementos novos na discrição e na operacionalização das políticas de controle bibliográfico. Atualmente, começa a consolidar-se o modelo FRBR (Requisitos Funcionais para os Registros Bibliográficos) que apresentam uma maneira de organizar a informação, possibilitando uma obtenção de resultados mais completos para as buscas dos usuários, além de oxigenar a discussão na área da representação descritiva.
         O modelo é resultado das resoluções adotadas durante o Seminário sobre Registros Bibliográficos, realizado em Estocolmo, no ano de 1990. As resoluções foram aprofundadas com o trabalho desenvolvido por um grupo de especialistas, entre os anos de 1992 e 1997, com a finalidade de discutir uma estrutura que possibilitasse relacionar os registros bibliográficos às necessidades dos usuários. As ações foram apoiadas e encampadas pelo Comitê Permanente da Secção sobre Catalogação da IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions) que, em 2002, constituiu um Grupo de Trabalho sobre FRBR, posteriormente transformado em Grupo de Revisão do FRBR, o endereço eletrônico é: http://www.ifla.org/VII/s13/wgfrbr/index.htm.

Finalidades do Catálogo

          Sobre as finalidades do catálogo bibliográfico baseadas nas necessidades do usuário, vale recordar Anthony Panizzi (1797 – 1879), que estando à frente da biblioteca do Museu Britânico, buscou torná-la mais transparente ao público. A intenção era substituir os mistérios de seu funcionamento, por um procedimento que proporcionasse independência do usuário em saber da existência e localização do material procurado. Panizzi entendia que o principal objetivo do catálogo era ser muito mais que uma listagem. Ser um instrumento para transformação da sociedade ao promover acesso ao conhecimento para todas as classes sociais, sem distinção.
          Neste sentido, no clássico livro “Introdução à catalogação”, a professora Eliane Mey salienta que as pessoas desejam obter acesso a algum tipo de conhecimento. Assim, compete ao bibliotecário tornar o conhecimento acessível e compatível com as necessidades das pessoas. Em sua reflexão exemplifica: “Como se tornaria impossível aos usuários das bibliotecas, para escolha do mais conveniente, folhear todos os livros, ou ouvir todos os discos, ou manusear todas as outras formas de registro disponíveis no acervo, mesmo que os itens estivessem ampla e corretamente organizados, nós, bibliotecários, elaboramos representações desses itens, de forma a simplificar a busca. Essas representações abrangem tanto o aspecto físico dos itens como seu conteúdo. Com essas representações, criamos instrumentos diversos: bibliografias, catálogos, boletins de serviços de alerta, entre outros” (p.1).
          Em suma, ao elaborar a representação de um objeto, descrever seu conteúdo e torná-lo recuperável com visto ao uso, se constrói um meio de comunicação. Comunicação pela qual o usuário é informado sobre os materiais disponíveis na biblioteca, e pode manifestar o seu desejo de obtê-los. Neste aspecto, o FRBR dá continuidade ao objetivo da elaboração de catálogos. O seu diferencial é o aprimoramento que introduz neste processo ao oferecer uma nova perspectiva sobre a estrutura, e as relações dos registros bibliográficos. Contempla propostas, que auxiliam aos responsáveis por códigos de catalogação, os fornecedores de sistemas, e os próprios bibliotecários a repensarem seus produtos para satisfazerem as necessidades dos usuários. Saliente-se, que o FRBR não é um novo código de catalogação ou um novo tipo de ISBD, mas provoca impactos sobre a revisão dos mesmos.

Concepção

          A concepção do FRBR baseia-se no modelo de entidade – relacionamento (E-R), compreendida como um modelo lógico orientado ao objeto, e a identificação de entidades e relacionamentos para projeção de banco de dados. No modelo E – R, a entidade é compreendida como objeto do mundo real que pode ser identificado de forma unívoco em relação a todos os outros objetos. Ela pode ser concreta ou abstrata. Os atributos referem-se às diversas características que uma entidade possui, ou propriedades descritivas de cada membro de um conjunto de entidades. O Relacionamento é a associação entre uma ou várias entidades.
          O FRBR baseado neste modelo divide-se em três grupos de entidades estruturadas sob os seguintes princípios:
          Grupo 1 – compreende os produtos de trabalho intelectual ou artístico que se descrevem nos registros bibliográficos e que formam a base do modelo: Obra, Expressão, Manifestação e Item.
Ø Obra: entidade abstrata, referente a uma criação intelectual ou artística distinta. É reconhecida como entidade por meio de suas expressões. Esta entidade permite fornecer um nome e elaborar relações com a criação intelectual ou artística. Quando falamos de “Don Quixote de Miguel de Cervantes” enquanto uma obra, não se está referindo a uma edição ou texto específico, mas sim a criação intelectual.
Ø Expressão: refere-se à realização intelectual ou artística específica que assume uma obra ao ser elaborada, excluindo-se aí aspectos de alteração da forma física. Envolve palavras, frases, parágrafos, etc., específicos que resultam da realização ou expressão de uma obra e fornece uma distinção no conteúdo intelectual entre uma realização e outra da mesma obra. Portanto, diferenças tipográficas não constituem uma nova expressão.
Ø Manifestação: é a representação física da expressão de uma obra. Compreende um amplo conjunto de objetos físicos (itens) que podem ser monografias, periódicos, vídeos, etc., que compartilhem as mesmas características no que se refere tanto ao conteúdo intelectual como a forma física. A manifestação possibilita descrever as características compartilhadas.
Ø Item: em muitos casos refere-se a um único objeto físico ou um único exemplar de uma manifestação. Em outras determinadas situações pode compreender mais de um objeto como no caso de uma monografia publicada em três volumes. No Item também está representado o artigo eletrônico recuperado da Internet. Este objeto se pode possuir ou ser visualizado em uma biblioteca digital. O Item, normalmente, compartilha as mesmas características físicas e intelectuais que a manifestação.

          Grupo 2 – agrega as Entidades que são responsáveis pelo conteúdo intelectual, guarda ou disseminação das entidades do primeiro grupo. São duas entidades de fácil compreensão: pessoa e entidade coletiva.
Ø Pessoa: indivíduo responsável pela criação ou realização de uma obra, ou aquele que é assunto de uma obra (biográfico, autobiográfico, histórico e etc.). São definidos como entidade pessoa: autores, compositores, artistas, editores, tradutores, diretores, intérpretes.
Ø Entidade Coletiva: organizações ou grupos de indivíduos ou organizações, inclusive grupos temporários (encontros, conferências, reuniões, festivais, etc.) e autoridades territoriais como uma federação, um estado, uma região, uma municipalidade.
         
          Grupo 3 – envolve as Entidades que representam o conjunto de temas caracterizadores de uma obra. Inclui as seguintes entidades:
Ø Conceito: uma noção abstrata ou idéia. Abrange abstrações que podem ser temáticas de uma obra: áreas de conhecimento, disciplinas, escolas de pensamento, teorias. Um conceito pode ser amplo ou específico. Ex.: Teoria Quântica.
Ø Objeto: uma coisa material. Abrange uma completa categoria de coisas materiais que podem ser as temáticas de uma obra: objetos animados ou inanimados que ocorrem na natureza, fixos ou móveis; objetos que são produtos da criação humana ou objetos que já não existam. Ex.: Apollo 11.
Ø Evento: entidade que inclui uma variedade de ações, ocorrências ou acontecimentos: histórica, época, período de tempo. Ex.: O século XX.
Ø Lugar: entidade referente a uma localização. Abrange uma série de localizações: terrestres e extraterrestres, históricas ou contemporâneas, características geográficas e jurisdições geopolíticas. Ex.: Ilha de Fernando de Noronha.

Projetos de FRBR

          Diversas ações e projetos estão sendo realizados visando aplicar o modelo do FRBR, algumas destas ações estão relacionadas a seguir:
         AustLit Gateway – projeto de base de dados bibliográfica (não de catálogo) que apresenta um exemplo de implementação de FRBR. É um experimento aplicado ao mapeamento do corpus literário de textos australianos, ou seja, inclui tanto as bibliografias nacionais que compreendem obras publicadas fora do país como aquelas que abarcam artigos e ensaios ou outros tipos de materiais. Utiliza de uma combinação de conjuntos de dados diferentes e heterogêneos onde se inclui elementos da ISBD. O projeto é fruto da colaboração de várias bibliotecas universitárias australianas e da Biblioteca Nacional.
          Virtua – software integrado de biblioteca – desenvolvido pela VTLS (Visionary Technology in Library Solutions), que fazendo jus à sua nomenclatura, introduziu a partir da versão 4.10 a possibilidade das bibliotecas criarem seu próprio catálogo sob modelo FRBR. O sistema permite a coexistência de registros convencionais e FRBR em uma mesma base de dados. O esquema adotado é baseado no sistema de correspondência do MARC 21 e FRBR e toda a interação interna de montagem dos registros se faz via linguagem XML. No site, do fornecedor, é possível encontrar um texto demonstrativo do modelo e dos avanços propostos em matéria de prática catalográfica: http://www.vtls.com.br/demonstracao/demonstracao%20_arquivos/frbr.pdf, mas o arquivo tem quase 30 Megabytes, e baixa-lo é recomendável acesso via banda larga.
            As utilidades bibliográficas também têm se mobilizado na análise e aplicação do modelo, como é o caso da OCLC (Online Computer Library Center) e RLG (Research Libraries Group). As bases de dados, WorldCat da OCLC e o Catálogo Coletivo da RLG (denominado RedLightGreen), estão avaliando o potencial para uso do FRBR.
          A OCLC desenvolveu, também, um protótipo FictionFinder que demonstra como os 177 registros bibliográficos, sobre “Cem anos de solidão” de Gabriel García Marquez, podem ser apresentados aos usuários como um único registro da obra, sob o qual se agrupam todas as suas versões lingüísticas e todas as manifestações de cada versão existente.
           A Library of Congress desenvolveu um software, denominado “FRBR Display Tool”, que oferece uma visualização hierarquizada de registros bibliográficos obtidos em uma busca no catálogo. Os três níveis superiores do modelo FRBR – Obra, Expressão e Manifestação servem para organizar tais listas hierarquizadas. O programa não permite busca em catálogos bibliográficos, sendo apenas uma ferramenta conversora. Fernanda P. Moreno, em sua dissertação sobre o FRBR, apresenta todo um capítulo comentando a instalação e operação da ferramenta, bem como, as limitação e problemas encontrados na configuração.
          Estudo interessante, de aplicação do FRBR, utilizando o software CDS/ISIS, é mostrado por Roberto Sturman, que durante o II Congresso Mundial de Usuários de CDS/ISIS (Salvador - Ba, 20-23 de setembro de 2005), apresentou trabalho “A case study of cataloging software implementation: IFPA (ISIS FRBR Prototype Application)”. Outras informações sobre o protótipo baseado no CDS/ISIS podem ser obtidas no endereço: http://pclib3.ts.infn.it/frbr/FRBR.htm.

Considerações

          A inovação do FRBR está em formular um modelo conceitual que possibilita a identificação das entidades, os atributos de cada uma das entidades, e os tipos de relação entre elas.
         O FRBR oferece a possibilidade de realizar uma única busca, para encontrar todos os materiais relacionados, mesmo se estes materiais se catalogam em diferentes línguas ou edições, ou com diferentes cabeçalhos de assuntos. É uma nova camada que se pode colocar sobre a catalogação tradicional.
          O conceito tradicional de catálogo automatizado se modifica ao adotar um novo modelo de operação, e apresentação de registro bibliográfico, superando limitações nas possibilidades de busca e no desenho das interfaces de consulta.
         Um aspecto positivo, observado sobre o FRBR, foi na mudança de foco das discussões técnicas centradas somente na normalização, e nos padrões de intercâmbio bibliográfico, para preocupações sobre: o que os usuários necessitam; como um registro bibliográfico poderia atender satisfatoriamente o questionamento do usuário, ao consultar o catálogo eletrônico. Implica, ainda, revisão e discussão sobre os códigos de catalogação em vigor, formatos de intercâmbio e no desenvolvimento de sistemas de automação. Além da atualização das competências técnicas e habilidades analíticas do catalogador.


Texto de Fernando Modesto

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.

sábado, 12 de dezembro de 2009

CATÁLOGO SISTEMÁTICO

Índice por autores e artigos > PROENÇA, Raúl, 1884-1941 - Vd. MONIZ, José António, 1849-1917; ALMEIDA, Eduardo de Castro e, 1865-?; PROENÇA, Raúl, 1884-1941 - Organização dos serviços de Catalogação na Biblioteca Nacional de Lisboa, segundo o plano apresentado à Junta consultiva pelo Inspector das Bibliotecas Eruditas e Arquivos Dr. Júlio Dantas. Vol. 1 > 21



sábado, 5 de dezembro de 2009

DA CATALOGAÇÃO AO USO DE RECURSOS INFORMACIONAIS DIGITAIS: REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS (FRBR)

Silva, Renata E.1(IC); Santos, Plácida L. V. A. C.1(O).

1Departamento de Ciência da Informação, Universidade Estadual Paulista - UNESP.

          A área da representação descritiva (também chamada de descrição bibliográfica e catalogação) é marcada por inúmeros encontros de profissionais e especialistas, que há séculos buscam melhorias, a fim de tornar a busca do usuário pela informação mais eficaz. Com o advento das tecnologias informacionais e a internet, surgiram necessidades de manter as bibliotecas e unidades de informação atualizadas de acordo com estas tecnologias e, com isso, houve um aumento da frequência dos encontros dos peritos da área. Desde o surgimento dos primeiros códigos de catalogação, estudiosos vêm buscando uma melhor utilização destes, levando em consideração a eficácia da recuperação do usuário da biblioteca ou unidade de informação, definindo novos métodos e regras, padrões e normas, discuntido os problemas encontrados e maneiras de resolvê-los, e tornando o catálogo (instrumento foco da catalogação) mais usualmente simplificado aos olhos do usuário, universal, visando compatibilidades internacionais sobre seus usos de modo a tornar sua recuperação cada vez mais eficiente. Os avanços na área das tecnologias informacionais trouxeram consigo um aumento também formas e suportes onde a informação pode ser armazenada nas bibliotecas e unidades de informação. Surgem então os Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR), que, sendo um modelo conceitual do universo bibliográfico, trás uma estrutura que se divide em entidades, atributos e relacionamentos, e tem como principal função descrever e representar este universo que está em crescente expansão. Esta pesquisa tem por objetivo estudar o modelo FRBR, destacando suas funções, componentes, benefícios e a aplicação de seus conceitos. Para que esta meta seja atingida, um levantamento bibliográfico foi feito em diversas fontes, de modo a obter informações pertinentes e recentes acerca do assunto. Utilizam-se, portanto, como fontes principais desta pesquisa o “Functional Requirements for Bibliographic Records: Final Report”, divulgado pelo grupo de estudos da IFLA em FRBR e aprovado pelo Standing Committee of the IFLA Section on Cataloguing, o qual foi revisado e data do ano de 2008, e publicações científicas relacionadas ao modelo e ao seu uso. Obteve-se como resultado parcial um conteúdo consistente, porém foi observada uma carência quanto a publicações impressas ou monografias em língua portuguesa que trouxessem como foco os FRBR, e foi encontrado pouco sobre o tema em suportes nãodigitais. Apesar de muito se falar no modelo, visto que é um tema relativamente atual e que vem sendo bastante discutido nos últimos anos, principalmente por ser um dos elementos de destaque que o RDA (Resource Description and Access) trará consigo, pouco do que é obtido nas buscas trás informações adicionais ou diferentes do que usualmente é abordado quando o assunto é FRBR. Pode-se concluir que os FRBR são o diferencial dessa nova fase que a representação descritiva está vivendo. Mesmo já podendo ser utilizado por bibliotecas que utilizam o SGBD Virtua (VTLS) como ferramenta opcional, seu reconhecimento nacional e internacional na área da Catalogação, de fato, somente virá com a aplicação do novo código RDA, onde será ferramenta fundamental para otimizar a recuperação da informação.

CNPq

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 17., 2009, São Carlos.

Anais de Eventos da UFSCar, v. 5, p. 66, 2009

8º Jornada Científica e Tecnológica da UFSCar - 5 a 9 de outubro de 2009

http://www.jornada2009.nit.ufscar.br/cic/uploads/C03/C03-015.pdf

RDA – RESOURCE DESCRIPTION AND ACCESS: OBJETIVOS, CARACTERÍSTICAS E DESENVOLVIMENTO DO NOVO PADRÃO PARA DESCRIÇÃO DE RECURSOS E ACESSO

Assumpção, Fabrício S.1(IC); Santos, Plácida L. V. A. da C.1(O)

1Departamento de Ciência da Informação, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília

          A catalogação, frente à nova realidade proporcionada pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas últimas décadas, necessita de instrumentos de descrição compatíveis com os novos tipos de ambientes, recursos, conteúdos, suportes e formas de acesso que surgem com esta nova realidade. Dessa necessidade surge a proposta do padrão RDA – Resource Description and Access (Descrição de Recursos e Acesso). O objetivo deste trabalho é analisar o desenvolvimento deste padrão, e abordar seus objetivos e características. O estudo apresentado foi realizado por meio de levantamentos bibliográficos, leituras e análises de textos, relatórios e discussões sobre o desenvolvimento do padrão, além de exercícios práticos de descrição com o rascunho do mesmo. Como resultados, expomos alguns tópicos pertinentes ao desenvolvimento, objetivos e características do RDA. A proposta do RDA é fornecer diretrizes e instruções para o registro de atributos e relacionamentos das entidades definidas nos modelos conceituais FRBR e FRAD. O alinhamento com os modelos conceituais é considerado como uma das principais características do RDA, pois eles proporcionam uma cobertura de todo tipo de conteúdo e mídia, além de flexibilidade e extensibilidade para acomodar as características de novos recursos e adaptabilidade para que os dados produzidos possam ser aplicados em uma variedade de ambientes tecnológicos. O RDA também mantém alinhamento com a Declaração Internacional dos Princípios de Catalogação, a qual tem como objetivo nortear a construção de códigos de catalogação. O novo padrão é independente da estrutura de apresentação proposta pela ISBD, no entanto é compatível com ela. Os registros criados com o RDA poderão ser aplicados na estrutura dos formatos MARC 21 para dados bibliográficos e de autoridade, e serão compatíveis com os registros já existentes criados de acordo com o AACR2 e padrões similares. O RDA conterá 37 capítulos, separados em 10 seções, as quais formarão duas partes: registro dos atributos das entidades e registro dos relacionamentos entre as entidades; o padrão conterá também 13 apêndices com instruções que complementarão as seções. O desenvolvimento do RDA acontece sob os auspícios de instituições anglo-americanas, as quais também são responsáveis pelo AACR2. Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que o RDA trás promessas de um padrão internacional projetado para o mundo digital que possibilite a descrição de todo tipo de conteúdo e mídia, no entanto, sua eficiência e aceitação só poderão ser avaliadas após sua publicação, a qual está prevista para novembro de 2009.

CNPq

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 17., 2009, São Carlos.
Anais de Eventos da UFSCar, v. 5, p. 56, 2009

8º Jornada Científica e Tecnológica da UFSCar - 5 a 9 de outubro de 2009

RDA e OCLC

          O RDA (Resource Description and Access) é o novo padrão de catalogação que substituirá o AACR2.
          Ele está sendo desenvolvido pelo Joint Steering Committee for the Development of RDA (http://www.rda-jsc.org/index.html). A publicação da ferramenta on-line da web deve ocorrer no final de 2009. Os editores são a Associação Americana de Bibliotecas, a Associação Canadense de Bibliotecas e o Chartered Institute of Library and Information Professionals (CILIP), associação de classe do setor no Reino Unido.
          A OCLC tem tido grande participação no processo que está criando o RDA através de nossa afiliação extraoficial no Comitê da ALA sobre Catalogação: Descrição e acesso e através de nossa representação no Comitê Consultivo de MARC. Nossa equipe também está participando dos dois RDA Examples Groups do Joint Steering Committee e do RDA/MARC Working Group, que está elaborando propostas para a alteração do formato MARC 21 em prol do RDA. Além disso, a OCLC é representada na ALA RDA Implementation Task Force, que está planejando atividades de implementação nos EUA. A equipe da OCLC participou das sessões do programa patrocinadas pela Task Force, e outras participações estão agendadas para futuras sessões. A equipe da OCLC também se uniu recentemente à equipe das três bibliotecas nacionais dos EUA para discutir e planejar o período de teste/avaliação, previsto para o início de 2010. A equipe de catalogação dos Serviços de Contrato de Metadados da OCLC participará do teste.
          Nos últimos anos, a OCLC também adquiriu experiência na criação de conjuntos de obras do FRBRized com base em dados bibliográficos dos registros existentes e na criação de relações semelhantes com base nos ISBNs e ISSNs relacionados. Existe ainda um trabalho contínuo que usa os dados baseados em ONIX criados pelos editores como base para os registros que podem ser usados nos catálogos da biblioteca. Todas essas atividades têm relação com o RDA.
          A equipe da OCLC também participa de discussões sobre catalogação na IFLA (Federação Internacional das Associações de Bibliotecários e de Bibliotecas) e está envolvida na criação e manutenção de padrões de catalogação nessa organização, incluindo os formatos FRBR (Functional Requirements for Bibliographic Records), FRAD (Functional Requirements for Authority Data), ISBD (International Standard Bibliographic Description) e UNIMARC.
          Nos preparativos para o teste no início de 2010, a OCLC começou a trabalhar para implementar as alterações do MARC 21 aprovadas pelo MARBI nas últimas reuniões (incluindo as reuniões na Conferência Anual da ALA em julho de 2009). Essas alterações serão implementadas no âmbito das plataformas existentes de catalogação, compartilhamento de recursos e descoberta da OCLC. O RDA tem o potencial de mudar significativamente o modo como os dados bibliográficos são criados e usados. Essas possibilidades futuras facilitadas pela ferramenta on-line RDA serão consideradas como parte do desenvolvimento dos sistemas do futuro.

(2009 08 25)

http://www.oclc.org/americalatina/pt/news/announcements/announcement386.htm